De longe eu vejo um Brasil se movimentando, saindo às ruas e pedindo mudança.
Pessoas saindo de casa ou indo pra janela depois de anos só reclamando em 140 caracteres.
E, de longe, eu sinto de não estar por perto, de ver isso acontecer, seja por egoísmo (imagino a quantidade de fotos que eu poderia tirar desse momento) e por outro lado por orgulho de ver algo assim acontecendo com o país que muitas vezes não quis voltar por ser assim tão difícil de viver.
E aí, quando todo aquele orgulho e horas explicando para os colegas irlandeses o que está acontecendo você lê que o infame Marco Feliciano consegue mover o absurdo projeto onde psicólogos são autorizados a promover a “cura” da homossexualidade. Sim, você leu certo.
O projeto ainda precisa passar por outras comissões, a da Casa: Seguridade Social e Constituição e Justiça. Se aprovada ela vai para o plenário da Câmara.
Nossa, Lívia, mas ainda não foi aprovada, pára de chilique. Não, não paro. E não, não é chilique.
No momento histórico que nos encontramos ver algo assim, ainda mais nessas últimas semanas que foram repletas de passos pra frente na nossa já usual história repleta de retrocessos em relação aos direitos humanos ver isso é desanimador.
O grande lema desse movimento tem sido “O gigante acordou”, mas eu te pergunto, quando a gente vai acordar? Quando a gente vai parar de dar um passo pra frente e logo depois dois para trás? Como a gente pode viver em um país onde passeatas por passe livre convivem lado a lado nas chamadas dos jornais com “curas para homossexualidade” como um país tão rico e belo pode ser tão pobre de espírito? Tão paradoxo? Eu não entendo.
Em um país onde se pretende curar algo inato, quando vamos aprender a curar nossa esquizofrenia social? Isso sim deveria ser a receita do dia.